Categorias: Coaching

Roda da Vida: Relacionamento – Amor

Amor, quatro letras que significam um mundo de sentimentos, sensações e decisões tão importantes. Por amor sonhamos acordados, construímos sonhos e fazemos vida. Por amor canções são escritas, poemas declamados, peças encenadas, quadros pintados… Quantas coisas o amor inspira e proporciona! O amor torna o mundo mais doce, a vida mais leve e colorida, o coração preenchido.

E se o amor é algo tão bom e produtivo assim, porque tem tanta complicação envolvida? Porque ele nos deixa em tantas gangorras emocionais, em ciclos de repetição sem fim? Porque nos faz esquecer a inteligência e a razão dentro da gaveta de meias antes de sairmos de casa? Bem, poderia dar mil explicações, falar da diferença do amor e da paixão, mas resumindo e indo direto ao ponto, é porque é o palco preferido de nossas projeções e de nossas idiossincrasias. A ponto de num determinado momento, esquecer ou perder o sentido real dessa palavra.

Do mesmo modo que colocar camarão no arroz não faz dele uma paella, algumas das coisas que chamamos de amor não são. E se não percebemos isso a tempo, iniciamos um ciclo de dor, tensão, sofrimento e sabe-se mais o que… Sendo assim, carência afetiva não é amor, posse não é amor, egoísmo, ter que suportar tudo por quem se ama ou achar que o outro tem que dar provas e mais provas dos seus sentimentos, demonstrações excessivas e acirradas de ciúmes também não. Tudo isso traz emoções à tona e muito fortes, mas nada disso é saudável ou é se quer parecido com amor. E o melhor caminho para saber reconhecer o amor verdadeiro é reconhecer também quando esses outros sentimentos estão presentes, e se estão em você cuidar da origem, da causa deles. E se tiver no outro, colocar as coisas no patamar certo e se a pessoa quiser fazer a viagem interna, curar suas feridas, é estar ali para apoiá-la, e se não, saber a hora certa de partir. Porque o amor pra ser realmente de qualidade, tem que iniciar pelo amor próprio – isso evita tantas confusões e dores!…

Evita, por exemplo, que eu ache que perdoar qualquer coisa é sinal de amor, porque o amor tudo perdoa, quando de fato o amor é capaz de dar outra chance se tiver indícios de mudança positiva. Ou que se o outro usou de violência física ou verbal comigo por ciúme é porque o que ele sente por mim é muito forte – bem, até pode ser, mas definitivamente, amor não é.

Jung diz que o amor e o poder são a sombra um do outro. Então se um entra pela porta, o outro sai pela janela. Daí se o outro tenta impor-se sobre nós ou se damos para a pessoa um poder na nossa vida, que não é saudável, estamos afastando o amor da jogada. Pense nisso quando ouvir pela enésima vez a desculpa esfarrapada por terem negligenciado momentos importante da sua vida, quando tentarem fazer chantagem emocional do tipo “ou eu ou…”; reflita sobre essa frase antes de voltar para a relação que já terminou um par de vezes pelos mesmos motivos. Quando as obrigações são todas suas e os direitos todos da outra pessoa. Nesse momento é importante uma conversa franca e serena, para recolocar as coisas nos trilhos, e se não houver perspectiva de mudança, de melhora, mesmo sofrendo, escolha receber amor, ao menos, de você, liberando-se para curar as feridas e estar livre para encontrar alguém que saiba realmente conjugar esse verbo.

Do mesmo modo, é importante que tenha em mente que estar em uma relação é ter alguém com quem compartilhar a vida, e não alguém para fazer o que você quer, do jeito que você quer, que ele ou ela não tem que fazer o papel do seu pai ou mãe, do terapeuta. TPM não é desculpa para estouros emocionais por nada. Aborrecimento no trabalho não é razão para não dar atenção ao dia daquela pessoa que amamos. Há aqueles deixam a outra pessoa em banho-maria porque estão com problemas (não importa se na família, se de dinheiro) e dizem que fizeram isso por consideração, por amor… Mas esquecem de perguntar se é o que a outra pessoa prefere. Na grande maioria das vezes, fazem é por vergonha ou ego ferido e chamam de amor, mas se há amor há também uma nódoa misturada aí, poluindo.

Há os que pulam de galho em galho culpando a outra parte de ter se tornado pouco interessante, de não ter alimentado a chama, que acabou o glamour dos dias iniciais. Mas trazer momentos de quebra de rotina, trazer um toque de surpresa, de aventura, de leveza cabe aos dois lados, e se ainda houver sentimento, carinho, vontade de fazer dar certo em ambos, tem como reverter isso com conversas sinceras e uma boa dose de criatividade. A menos que tudo isso seja desculpa para o vício da adrenalina do início da relação, o vício da conquista… Nesse caso, se isso acontece com você, investigue a causa, cuide do seu interior – você merece mais do que isso e quando chegar a experimentar dentro de você o amor real, vai entender ainda melhor o que estou falando. E se é a cara metade que está dando esses indícios, perceba se é isso que está mesmo acontecendo, e se for, não caia no clichê de achar que vai salvar o outro dele mesmo, que o seu amor é tão forte que vai curar o mal, a dor ou a chaga do outro, porque as pessoas só mudam quando querem e estão prontas. E você tem grande chance de estar malhando em ferro frio, submetendo-se a um esforço talvez além do seu limite e acabar exaurida e abandonada, o que só piora a dor da perda. Nesse caso, saiba proporcionar ao outro o benefício de sentir a sua falta, de perceber a qualidade da sua presença, através do seu distanciamento. Se ele gostar realmente, se ele achar que é hora, essa pode ser a chave para o trabalho emocional dentro dele e se assim for, a pessoa voltará a te procurar. Se não fizer, nunca foi amor, o que significa que não teve uma perda substancial, teve uma dor pelos sonhos que ficaram pelo caminho, que precisa ser processada, vivida no seu luto, e aí, na hora certa, estará apta para uma nova história.

Quando pergunto: “O que você faz ou está deixando de fazer para manter a situação afetiva ruim?”- geralmente vejo uma mudança de semblante, a cara se fecha e ouço como se fosse um raio cortando o céu – “Então agora eu é que ainda tenho culpa disso, mesmo depois de dizer tudo que tenho passado?!”. E na verdade a última coisa que quero é buscar culpas ou culpados, porque se há culpado, há uma vítima. E enquanto você é vítima consegue fazer muito pouco por si, pela mudança real do quadro, mas se percebe onde pode agir diferente, escolher diferente, falar diferente, sai de vítima e passa a ser responsável pela sua vida afetiva, pela realização dela.

O AMOR é um querer bem a ponto de querer dar o seu melhor para o ser amado, é cuidar, é ser cúmplice, é ter noção dos Valores e Necessidades do outro e respeitar, do mesmo modo que cuida, alimenta e respeita seus Valores e Necessidades, buscando os pontos de interseção entre os seus, e os da pessoa a quem está ligada. É torcer pelo sonho do ser amado, sorrir o seu sorriso, vibrar com as suas vitórias. É ser feliz fazendo o outro feliz.

E se um dia você perceber no olhar de alguém especial, o reflexo do seu verdadeiro eu, perceber que a pessoa está tão ali para você quanto você para ele, viva esse momento, alimente essa relação, faça valer a pena!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.