Não sei ao certo quando começamos a ter sonhos, só sei que os temos. Nem todas as pessoas têm os seus sempre em mente. E alguns até, diante de obstáculos ou quando se sentem tragados por um problema, chegam a pensar que não precisam, já que não vão realizá-los mesmo… Mas a verdade é que sonhar é tão necessário quanto respirar!
Crescemos ouvindo contos de fadas, músicas, vendo desenhos e filmes que nos estimulam a sonhar, isso sem falar nos grandes feitos que temos notícias e as conversas com os amigos. Quem abre mão de sonhar vira um espectro de si mesmo, passando pela vida, ao invés de realmente vivê-la. A diferença é que nesse caminho, muitas vezes acabamos interrompendo ou diminuindo nossa capacidade de criar por causa da frustração, filha da ansiedade: crescemos cercados pelo lúdico, o que favorece a capacidade imaginativa, por outro lado, quando vemos um filme ou ouvimos sobre uma grande conquista, tudo parece muito rápido – do esboço para a materialização – ao passo que alguns sonhos na vida real levam um tempo bem maior para acontecerem e precisam bem mais do que o desejo – precisam de ação, dedicação, constância, paciência e planejamento.
Mas o que chama a atenção é que se somos criados para sonhar, nossa sociedade não perde tempo no ensino do que fazer depois. É só observar os exemplos que temos ao nosso redor – os contos de fadas terminam com o sonho se realizando e o “viveram felizes para sempre”, e as novelas, idem. Afinal, alguém sabe o que aconteceu com a Branca de Neve depois que se casou com o Príncipe? E a fada Sininho? Tudo no fim se reduz ao breve imediatismo, ao momento. E acabamos acostumando com essa mensagem subliminar do aconteceu, esqueceu. E assim, aproveitamos pouco, valorizando ‘de menos’ a conquista que muitas vezes mobilizou enormes esforços, físicos, financeiros ou emocionais (quando não os três juntos).
Exagero? Então por quanto tempo você curtiu aquele vestido “poderoso” que namorou semanas, ou o carro que comprou há poucos meses, a sua formatura, ou o emprego novo, ou o “eu vos declaro marido e mulher”? Quanto tempo durou a comemoração e a felicidade interna, antes que aquilo deixasse de ser um sonho para virar algo comum, quase como um apetrecho que se compra em qualquer papelaria? Qual foi a última vez que você comemorou as conquistas que coleciona na vida – ter um emprego, a saúde ok, amigos leais, ou sei lá, simplesmente o fato de ter tido um dia normal (porque isso significa que nada de ruim aconteceu, que tudo está na mais perfeita ordem)? Seu aniversário é a reunião de pessoas para comer, beber, dançar ou é uma comemoração interna e externa da matriz que viabiliza a existência de todos os outros sonhos, que é estar vivo?!
Se comemorarmos bem nossas vitórias na hora e, de vez em quando, voltarmos a comemorar aquele momento, revivendo o sabor, os sons e a visão da conquista recarregamos nossas baterias, nosso ânimo e nosso potencial de criar mais sonhos. Porque são eles, sendo grandes ou pequenos, simples ou mais rebuscados que temperam e dão qualidade e vigor para nossa vida.
Então e você, o que vai fazer agora quando seus sonhos virarem realidade?