Muitas vezes recebo clientes que chegam dizendo que precisam apenas de duas ou três sessões de Coaching para finalizar algumas pontas soltas na cabeça e tudo estará pronto para lançar a ideia no mercado ou para mergulhar de cabeça no objetivo ansiado… E então, em poucos minutos de conversa (ou devo dizer de perguntas?) toda aquela certeza se desmorona, porque não era certeza sobre o passo a passo de uma meta, mas um grande devaneio, e como tal, muito bonito e contando sempre que o vento só soprará a favor…
Acredito que a melhor forma de explicar a diferença entre um sonho e um devaneio já foi lançado no cinema e retrata uma história real. Vou me basear no filme À Procura da Felicidade, com o Will Smith. O filme é tão abrangente que contém um exemplo de cada caso: num primeiro momento, o personagem Chris Gardner (Will Smith) quer melhorar de vida, e sabe que para isso terá que sair da sua zona de conforto, fazer mais. E então resolve abraçar a ideia de um produto inovador para vender para médicos – não tinha como dar errado!!! Será mesmo?
Vamos analisar a situação? Ele não conhecia o ramo nem tinha contatos e o decisivo para o projeto de melhorar de vida morrer na praia: ele tinha pouco capital de giro (na verdade ele nem tinha capital de giro, pois o dinheiro que tinha era para comer e pagar as contas). E, ainda assim e, como disse antes, sem conhecer o mercado ou mais profundamente sobre a máquina que ele se propunha vender, usou o pouco de reserva que possuía e comprou um lote de máquinas. Se ele vendesse tudo num dado tempo, recuperaria o dinheiro e ainda teria um lucro muito bom!
Mas, os obstáculos começaram a surgir… E como ele não tinha um coach, esses obstáculos não foram mapeados previamente e as coisas fugiram ao controle. Tinha que fazer várias visitas aos mesmos consultórios, porque nem sempre os médicos tinham horário para atendê-lo e ver o produto funcionando na primeira vez, e também porque era algo caro, então pediam um prazo para pensar.
Com isso, o tempo foi passando, muitos não quiseram ser pioneiros desse novo sistema – o que trouxe mais problemas para essa meta – o dinheiro e tempo gastos com deslocamentos e visitas repetidas que não foram contabilizados e precisavam ser reparados… Mas não havia um plano pensado para isso…
Para resumir, ele estava desempregado, a mulher não aguentou a pressão e foi embora, ele foi preso por uma multa não paga e acabou despejado com um filho pequeno e um aparelho que não podia vender porque estava quebrado e ele precisava arrumar um jeito de consertar sozinho!
Em meio a tudo isso ele parte para uma segunda meta – ser contratado por uma importante corretora de ações. Para isso ele precisa ser aprovado após o período de estágio (dessa vez ele vai aprender sobre o negócio que quer fazer). E é aí que ele começa a realmente traçar uma meta ESPERTA (que é uma técnica criada por Arline Davis, que usamos no Coaching). E eu, enquanto assistia ao filme e vi que ele conseguiu uma solução até para compensar o fato de ter que sair mais cedo (porque necessitava chegar ainda há tempo de pegar aberto o abrigo em que dormia com o filho), tive certeza que o placar do jogo mudaria a seu favor: ele tinha motivação, tinha garra, e também sabia onde estariam os gargalos, os desafios e tinha uma alternativa, uma saída para cada um dos possíveis problemas caso eles se apresentassem. Soube usar o tempo a seu favor (algo que a maioria das pessoas usa erroneamente), e até o que seria uma aparente desvantagem – a questão de não ter com quem deixar o filho no fim de semana, virou um fato a seu favor: criando para a criança a possibilidade de irem assistir a um jogo – que nada mais era do que a oportunidade de estar junto e vender a ideia para um grande cliente.
Chris Gardner era um excelente pai, uma pessoa boa e um cara com ótimas ideias, energia e motivação para fazê-las acontecer, só ainda não tinha entendido como fazer. Quando entendeu onde estava o seu “calcanhar de Aquiles”, nada mais o deteve. E ele saiu de funcionário para empreendedor e fez uma bela fortuna!
Uma das passagens mais bonitas e fortes desse filme foi quando ele disse ao filho que nunca deixasse ninguém, nem mesmo ele (Chris), dizer que ele era incapaz de fazer algo (a frase não é literal, eu peguei principalmente o conceito). Mais importante do que o dinheiro o que esse pai deu ao seu filho foi uma crença muito positiva e apoiadora de que se você quer de verdade, você pode conseguir.
Então, para fechar o texto de hoje, quero te fazer umas perguntas: você tem um grande sonho? Acredita que a realização dele traria coisas boas para você e pra sua vida? Você acredita no potencial desse sonho? Você acredita em você? Tem as estratégias mapeadas com planos A, B e C? Tem o passo a passo envolvendo tempo, dinheiro e habilidades já desenvolvidas e a desenvolver para o sucesso desse sonho? Sabe onde estão os gargalos e desafios ao longo do processo?
Se há o sonho e ele sendo realizado vai trazer benefícios para a sua vida, e ainda assim, você respondeu não para uma ou algumas das perguntas, procure a ajuda de um coach, assim terá uma boa meta, pronta para decolar, sem precisar sentir o gosto amargo da frustração em nenhuma parte da biografia desse objetivo!