Pra uns a palavra família é sinônimo de amor, união, segurança, querer bem, um porto seguro sempre ali para o que der e vier. Para alguns é uma mistura de sentimentos bons e outros nem tanto. E existem pessoas que guardam uma triste lembrança da infância e adolescência em família. Mas seja qual for a experiência vivida anteriormente, todos gostariam de, quando chegar a hora, criar sua família num ambiente de paz, harmonia, cumplicidade e união.
Há pessoas que conseguem repetir o bom padrão vivido em família ou criar um novo padrão familiar bem positivo; enquanto outros, independente de terem ou não um bom exemplo, na hora de criar a sua própria família não obtém o mesmo êxito. A explicação para isso não é única, passa por autoconhecimento – quanto melhor me conheço, mais entendo meus valores e necessidades em termos de convívio e preenchimento afetivo. E se me conheço bem, fica mais fácil me fazer conhecer pelo o outro, e me colocar na pele desse ser para entender o que ele precisa para se sentir preenchido emocionalmente, pois sei que o que ele sente é o mesmo que eu, só que, talvez, por uma necessidade diferente da minha.
As crenças que tenho sobre família também participam muito do resultado dessa interação, então, novamente, o autoconhecimento é fundamental para identificar quais crenças são minhas aliadas e quais acabam se voltando contra os meus objetivos, antes que essas crenças negativas virem situações concretas. Lembro-me de um cliente que atendi, logo no início da minha jornada pela estrada da PNL e do Coaching, que me disse que jamais teria filhos porque não queria repetir o modelo vivido em casa. Ele acreditava que não havia escapatória, que sempre se repete o modelo vivido na infância. Só que agora ele não mais seria vítima, virando pai, ele representaria o algoz… Foi triste vê-lo dizer aquilo, porque saiu com uma força, que se não fosse trabalhado, poderia virar uma profecia autorrealizável. Contudo, essa história foi de sucesso, onde a coragem de limpar os ranços e desmanchar os nós emocionais, permitiu que ele acreditasse que era livre para escrever a sua própria trajetória. E o resultado disso foi uma ligação forte de carinho e valores bem embasados entre esse pai e a sua criança.
E para criar um modelo mais positivo e proveitoso o percurso é centrado na construção de um Eu mais integrado, esclarecido, que faz uma mudança profunda e significativa na forma de ser e estar no mundo, de buscar e dar afeto. Inclusive no caso de ter tido uma primeira família com uma relação conturbada, conseguir voltar para aquele ambiente sem trazer à tona o lado mais reativo, o lado mais “feio”, pois é comum ouvir pessoas dizendo que conseguiram grandes progressos, conseguiram até criar a própria família de um jeito bom, um lar com leveza, afeto e funcionalidade, mas ao passar algumas horas em contato com o núcleo familiar anterior, o da infância, tudo vai voltando e com força total. É como se passasse a existir dois “Eus”: um que funciona muito bem dentro da nova família, que é um ser humano amoroso, compreensivo, e ao voltar para uma reunião na família original, se torna uma pessoa altamente reativa, que vai se alterando em voz e gestos a medida que o tempo passa e as conversas surgem.
Esse fato ocorre porque há um super conhecimento de expressões, gestos e padrões de respostas e pensamentos uns dos outros, o que possibilita de modo muito rápido, ler as caras dos membros da família e assim antever as repostas orais e reagir a elas, antes mesmos de serem proferidas, de modo instantâneo; gerando as velhas histórias emocionais (Veja o artigo Entendo a Dinâmica da PNL – onde um pensamento gera uma emoção que gera uma resposta fisiológica/corporal – e não necessariamente nessa ordem.).
Essas situações conflituosas contam com uma espécie de concordância de cada um dos integrantes em alimentar e participar da dinâmica por gestos, atitudes corporais, brincadeiras duvidosas e frases clichês. Sendo assim, se qualquer um dos personagens envolvidos mudasse a forma de interação, a história já se desenrolaria de outro modo. E eu não posso escolher pelo outro ou obrigá-lo a mudar, mas eu posso escolher ser diferente para melhor!
Se houver mais amor, compreensão de você com você mesmo e pelo outro, há uma energia mais calma e harmônica para quem está se relacionando contigo. E mesmo que na família exista alguém que se encontre ainda num patamar tão imaturo ou egoísta, do ponto de vista emocional, onde acha que você tem obrigação de tudo e ele, simplesmente é do jeito que é e não precisa mudar ou melhorar em nada, a relação vai ficar na superfície, não haverá uma intimidade maior, um suporte emocional real, mas também não terão mais discussões intermináveis ou a necessidade de engolir um brejo inteiro, de tantos que eram os sapos. E os encontros familiares, não vão mais ser o pivô da destruição da sua paz. E sabe qual é o melhor de tudo? Não haverá culpa, cobranças internas ou imersões em pensamentos nocivos como antes. E a leveza e a liberdade são coisas que não tem preço. Fora isso, ainda há a possibilidade extra da reação em cadeia, onde a sua mudança inicia a mudança num outro membro da família, tornando possível encontrar um lado ainda desconhecido (e também já mudado, melhorado) no outro e ganhar uma relação de apoio, real interação, sustentabilidade e amor, principalmente, amor!
Lembrando da Roda da Vida, é hora de perguntar – se:
O quanto estou satisfeito com a minha relação familiar?
O que posso fazer para manter ou melhorar (dependendo da situação) a relação coma minha família?