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Histórias de uma Vida

Quando fiz meu curso de Trainer, tive que dar uma palestra como conclusão do curso. O tema era o mesmo para todos os alunos: algo importante ou marcante da nossa vida. Sendo assim, uma boa parte da minha palestra foi sobre a minha bisavó e as lições que aprendi com ela.
Lembro-me de ter dito nessa palestra que a minha “Vovó Velhinha” foi a primeira pessoa a fazer PNL, sem nunca ter ouvido falar a respeito. Falei isso porque ela ensinava usando sempre uma experiência de referência (ou seja, fazendo com que você realmente entrasse no contexto, para compreender mais os vários ângulos da situação, o que como efeito extra, ainda levava a julgar menos). Era uma mestra em metáforas e analogias, das mais rebuscadas até as mais populares, usando-as com propriedade, de acordo com a ocasião ou o “freguês”. Creio que minha veia metafórica veio daí!… E aprendi muito, muito mais com ela: aprendi a dizer versos portugueses com sotaque de Trás-os-Montes, aprendi algumas orações, aprendi o direito dos pássaros de ganhar os céus todas as manhãs – o que anos mais tarde compreendi que se tratava de algo muito maior – o direito a liberdade (de ser, de sonhar, de viver…).
Quando nasci minha bisavó tinha 72 anos e continuou sendo por mais alguns anos uma mulher lúcida, antenada com os acontecimentos e com um pensar muito peculiar e moderno, que lhe era próprio.
Os filhos tinham um carinho especial por ela. Eu, como bisneta, tenho! Todos os dias ia visitá-la. Conversávamos e eu ficava esperando as histórias. A que mais me encantava era quando ela contava dos inúmeros cães e gatos que tinha, convivendo em absoluta paz e espírito fraterno. Os cães a seguiam por onde quer que fosse e respeitavam-na com obediência cega, mesmo que isso significasse ficar quietinho esperando a vez de ser picado pela agulha da vacina. Ninguém precisava nem segurá-los! E o grande barato era que minha Vó Velhinha era uma mulher franzina, pequena – com certeza não possuía força física para segurar um cão de grande porte, que dirá para domar uma matilha… Mas a força dos seus olhos claros, que vinha acompanhada por uma voz calma, pausada e gentil, essa era inegável! Mesmo no final, quando a esclerose já havia tomado conta, a força dos seus olhos e de sua meiguice, ainda se faziam sentir.
Porquê de escrever sobre ela esse mês, parte por ser mês do meu aniversário (época que revisito minha história para traçar o porvir), parte por ter no último domingo folheado meu álbum de bebê e ver a foto dela comigo no colo. Fixei tanto minha atenção naquele rosto que consegui até recordar seu perfume. E, principalmente, escrevi essa história porque outro dia fizeram uma pergunta pra mim, que no final das contas era: como conquistar a liderança, que indiretamente fala sobre como conquistar respeito e confiança. E essa é a melhor maneira que encontrei de explicar o que aprendi. Eis a minha resposta: ame, ame, ame e respeite também. Deixe que seu amor ao que está fazendo, ao seu ideal, ao seu próximo transpareça nos seus olhos, na sua voz, nos seus atos. Deixe o impor de lado, prefira ser o exemplo vivo do que quer, do que prega. Antes de julgar, veja a situação pelo prisma do outro; convide-o a fazer esse mesmo exercício. Respeite a si mesmo, seu sonho e a seu próximo. Assim, seja lá o que você estiver liderando – uma família, uma equipe, uma sala de aula, uma matilha – florescerá e frutificará.
Tenho tantas outras histórias dela, quem sabe algum dia conte mais algumas? Por agora, deixo vocês com o pensamento dela sobre o direito de voar dos pássaros:
“O pássaro, preso na gaiola, só faz alegria de quem o possui e de mais ninguém, visto que não está seguindo sua natureza, que é voar. Mas, se o deixa livre, a cada vez que ele vier em visita e cantar na tua janela, comer do alpiste, que colocou tão carinhosamente para ele, saberá que fez um amigo, que canta para te brindar e compartilhar a alegria dele. Essa é a felicidade da vida – sentimentos bons que se somam.”
Acho que isso não diz respeito só a pássaros e gaiolas, mas é uma metáfora para muitas outras situações e escolhas da vida.
Que tal sermos o pássaro que voa livre, enquanto constrói o ninho que abrigará nossos sonhos até serem transformados em realidade?

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